quinta-feira, 11 de abril de 2013

TSD Podcast 35 - Átila Entrevista + Mix

 

Take a step to Dub - Sofrendo de dupla personalidade, quem é o Átila e quem é o Caim?

Átila -
 Caim surge primeiro, estava já há algum tempo parado, sem nenhum projecto, e na sequência de uma noite em 2010 na Fábrica da Pólvora em Oeiras em que nem sei como e sem conhecer os artistas, fiz uma espécie de prolongamento de um concerto de uma banda de Dubstep/Drum n Bass ZEJ [flyer], a pedido deles próprios, como condição para fazer um encore, que durou quase uma hora, completamente de improviso no microfone ao mesmo tempo que parecia que todo o álcool do mundo parecia concentrar-se na minha cabeça. 


O pessoal que mais tarde veio a fundar o colectivo Mais Baixo estava nessa festa e eu conhecia um deles. 

Nessa noite ainda não tinha um nome para esse personagem que acabara de surgir, depois dessa noite, alguns meses depois, e já com o Mais Baixo a dar os primeiros passos sérios e com o completo reconhecimento da elite underground do Dubstep lisboeta, convidam-me para participar como host/mc na festa MAIS BAIXO#2 [flyer] ... bem, na altura eu conhecia pouco Dubstep  embora no carro tivesse coisas como o "Diary of an Afro Warrior" do Benga ou o "5 Years of Hyperdub2 e já tivesse coisas em vinil como Mala - "Level Nine" ou "2000F" e "JKamata" e de já ter ouvido Deckjak, Mr Mute ou Manu que na altura eram os embaixadores da bass music que eu seguia em Lisboa, mais numa onda de sentir do que propriamente de consumir ou seguir o movimento. 

Para além de conhecer pouco daquele lado mais escuro e minimal da cena, a proposta era para fazer de host a noite toda, transversal a todos os Dj's e performers daquela noite, fiquei aterrorizado com a ideia!! 

Para me reinventar para aquele formato e não desvirtuar expectativas de pessoal que já pudesse conhecer trabalhos anteriores meus, batizei este novo alter-ego! 

A experiência foi-se repetindo a cada cimeira do Mais Baixo, até que as nossas entidades se começaram a confundir e fomos ficando todos muito amigos, até ao ponto de que deixou de ser necessário colocar o nome Caim nos flyers, uma vez que sendo uma dica Mais Baixo, de certeza que lá estaria, como produto dessa casa. Átila, esse sim já é mesmo um produto da casa Mais Baixo, em parceria com o Deckjack, nada combinado ou concertado. 

Da parte Mais Baixo, veio o consumo descontrolado de vinil de Dubstep e bass music e um manancial gigantesco de onde e como procurar knowledge de ouro sobre música bass, da parte do DeckJack vem a técnica (ainda a apurar) de saber mexer nuns decks e de misturar música, tudo isto no ano passado graças a ele. 

A cena do Átila, ou do 'Formato Átila' caracteriza-se por ser uma performance de mistura exclusivamente com vinil com dois ou talvez três decks, focado numa das minhas antigas paixões, o Techno, mas sem perder a noção dos tempos fantásticos que se vivem no Dubstep. 

As principal referência do Caim, isto falando como Luis Barbosa é talvez o Sgt Pokes (mas a anos luz da vibe daquele rasta) lol !!! Como Átila, as referências máximas são sem dúvida, o Deckjack ( vejo-me mil vezes a usar formulas dele, sem querer), Mala, Youngsta, Killawatt, Jeff Mills, Loxy ... por aí! 

TSD - Quando é que o djing entrou na tua vida e que impacto teve? 

Á - Em Julho do ano passado, comprei um par de Technics 1210 mk2 por um preço inacreditavelmente baixo e comecei a misturar toda a música que me chegava a casa em vinil e a partir daí fui fazendo sessions, fosse com o peepz do Mais Baixo na casa do Santos, fosse na casa de outro dos meus mestres, o gigantíssimo Dj Al:x, ou no programa Fala Baixo da Vodafone FM e festas no Bairro Alto. 

Já antes disso tentava umas incursões no dojo do mestre Deckjack. 

Eu não me vejo bem como um Dj, um Dj é um guia das vontades ou um mestre da surpresa e faz isso com numa simbiose de técnica e feeling, a minha cena não é bem isso, ao misturar e pensar as músicas, sinto-me á procura de novos paradigmas de mistura, mash up, e entrega de música, e ando a explorar isso com o Dubstep tocado exclusivamente em vinil, mas ainda falta muito para me sentir satisfeito, eu ainda nem percebi bem do que ando á procura, percebes!?... 

Entre emprego, faculdade, contas para pagar e tudo o resto vou tentando satisfazer essa excentricidade de misturar música, seja em casa, só com phones, ou numa cimeira purista do Mais Baixo ou num spot, qualquer que ele seja, desde que dê para se ouvir Bass Music de forma decente, nem que seja com volume baixo. 

TSD - Como é que o Dubstep entrou na tua vida e o que mais te chamou nele? 

Á - A primeira vez que ouvi dubstep, ou 'kind of', acho que ainda nem sabia o nome do estilo, eu na altura andava embrenhado no Jazz da editora ECM, sem conseguir ouvir mais nada, de tão espectacular que é a música que costuma vir dessa editora, e uma amiga minha, a Joana (parabéns mamã) me mostrou a Plutão, de Macacos do Chinês, para além de conhecer o vocalista, dos tempos de liceu, o Skillaz, e de ficar estupefacto com o skill de rimas dele, fiquei petrificado com o beat - 140 bpm escuro, pesado de forma controlada e perfeito para dançar ao mesmo tempo. 

Afinidades se conjugaram nessa altura e a propósito da lei do tabaco em espaços fechados começamos a parar nos mesmos sítios e eles a mostrarem-me cada vez mais coisas e a levarem-me ás primeiras festas que fui, como disse antes: Deckjack, Mr Mute, Dj Manu, peepz do vinil, vieram festas como o lançamento da Warface, em Benfica, as festas da Tass Bass, etc... 

Com um grande amigo meu, Nuno, que trazia sempre uma amiga (MJ) a mostrar-me coisas como Kryptic Minds e afins, comecei a ficar cada vez mais perto da cena escura, deep e minimal, mas o despertar da-se mesmo numa viagem de carro a ouvir um CD oferecido por um outro gigantíssimo amigo, o Diogo Dias, Cds 'white label gravados em casa', que ele comprou em Londres, eram os sets todos da festa de aniversário da Rinse em 2008, o set do Youngsta com SP:MC matou-me!! Headhunter atrás de Headhunter - fiquei completamente 'in' nestas ondas que até agora ando. 

TSD - Como vês o actual estado do Dubstep? 

Á -  Eu digo isto quase todos os dias: Vivem-se tempos fantásticos!!! 

Antes de tudo o que eu possa achar, deixem-me agradecer-vos por tão bom trabalho nestes últimos anos a acompanhar a a dar a conhecer tanta e tão boa bass music ao peepz - parabéns TSD!! 

Passaram-se uns tempos um pouco confusos no que diz respeito á confusão gerada pelo brostep, por parte do público e também por alguns produtores e performers, mas felizmente parece que cada vez mais as pessoas estão informadas e a escolher bem o que querem ouvir neste ambiente em particular. 

Lá fora, estou a adorar o nível em que as coisas estão a sair - quase todos dias conheço coisas novas, artistas, álbuns singles - tudo num nível muito muito bom! 

A Internet é uma coisa fantástica, é muito muito bom ver que cada vez mais e em sítios cada vez mais distantes de Inglaterra estão a surgir produtores a editar pela Black Box ou Tempa e a serem completamente apadrinhados por Youngsta ou Mala nos seus sets. É fantástico!!! 

Por outro lado, parece-me que a dica em Inglaterra está a ficar cada vez mais saturada - é muita gente muito boa e cheia de recursos, e é natural que os players da cena que estão a emergir queiram explorar novos mercados - inclusive o nosso. 

O trabalho fantástico da Playground com o Icicle, Kenzo ou Proxima, foi um primeiro passo, este ano de 2013 está a por Portugal e (finalmente) Lisboa com uma agenda Dubstep regular - já estava farto de fazer 600km numa noite - se bem que o Porto continua para mim a ser a capital da cena bass mais escura - ninguém me tira as três horas de Mala no ano passado na Gare!!! 

Mas até arrepia só de pensar no que, no momento em que escrevo está entrevista, estão marcados: Jack Sparrow, Kryptic Minds, Compa ... isto já depois da inesquecível noite de Mala no Music Box e do terramoto que foi Joe Nice, comigo no mic. Vivem-se tempos fantásticos mesmo!!!! 

TSD -  Em termos musicais, qual ou quais os projectos que tem te chamado atenção nos últimos tempos? 

Á -  Podia escrever aqui um milhão de caracteres a responder a esta pergunta. 

Mas tenho estado a ouvir com atenção os temas que um batalhão de produtores de norte a sul, uns mais conhecidos que outros, estão a fazer para a compilação que o Mais Baixo irá lançar ainda este ano. 

Ando também a seguir TEXSTEP, epá ando viciado nos temas e nos sets, mesmo a sério, tem sido banda sonora obrigatória no meu carro. 

Tenho ficado cada vez mais fã a cada lançamento de MGDRV e nos últimos dias senti que o movimento de rotação da terra foi desviado em alguns centímetros com a remistura do Riot para a Marka - Zouk Bass é granda dica!!! 

Fora da atmosfera bass ando a ouvir coisa como Orelha Negra, Black Mamba, Kilú, e algumas outras coisas já bem longe deste nosso âmbito. 

TSD -  Quais são os objectivos para o futuro? 

Á -  Acabar o curso, ficar rico, construir um mega sound system tipo o Mungos e ... ... ... ...lol 

Seja enquanto Átila, Caim ou outra persona qualquer não tenho grandes projectos ou ideias - eu sou muito mais espontâneo do que intencional, mas gostava de começar a produzir e a remisturar músicas e mandar prensar em vinil para uma pseudo-lable exclusiva do Átila - a PANDORA, musicas minhas e de alguns amigos que me cedam a exclusividade das suas músicas, mas isso é um projecto que envolve e consome alguns recursos a vários níveis que fazem com que as coisas tenham que amadurecer bem primeiro, antes de acontecerem. 

TSD - Uma mensagem para os nossos leitores. 

Á - Espero que gostem do podcast, queria ter passado coisas de peepz ca da nossa tuga, mas AINDA não tenho nada em vinil! 

Desculpem qualquer imprecisão... Façam barulho para Take a Step to tha fucking Dub ... estamos em família!!!! 

Fuck original ... be genuine !! 

Gigantíssimo Abraço



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