terça-feira, 13 de março de 2012

TSD Podcast 25 - Mix by 1Way + Entrevista


Foto por José Farinha

Take a step to Dub - Quem é o 1Way?

1Way -
O 1Way nasce por volta de 2004, depois de aventuras pelo Drum n Bass ainda com o nome JustLee, e de outro projecto de fusão House/Rock/Electrónica/Dub chamado The Dead:Lees.

A ideia inicial para o 1Way foi explorar o Dub em todas as suas formas, do passado ao presente ao futuro, e começar a experimentar com produção.

TSD - Quando é que o djing/produção entrou na tua vida e que impacto teve?

1W -
Depois de algumas experiências com bandas Punk Hardcore e Metal, o Drum n Bass apareceu na minha vida por volta de 97, 98.
Junto com Deadly Cut (mais tarde também nos The Dead:Lees) começamos a comprar os primeiros discos e a misturar juntos, na altura só com um prato e um discman. Daí até 2002 não paramos e juntos ou a solo passamos pelo Meia Cave, Mau Mau, Hard Club entre outros.

Nessa altura mudei-me para Londres e a exposição a uma quantidade gigante de música levou-me a querer explorar outras sonoridades. Daí aparecem os The Dead:Lees por volta de 2003, 2004, esquecendo um pouco o Drum n Bass, misturava-mos toda a música que já tínhamos comprado no passado com a música nova que comprávamos e onde também dei os meus primeiros passos em produção, nessa altura passamos por vários sítios em Londres como o Fabric, Bar Music Hall, Sosho e outros.
Sempre me considerei mais um DJ do que produtor, mas nos últimos 4 anos as posições inverteram-se totalmente.
TSD - Como é que o Dubstep entrou na tua vida e o que mais te chamou nele?

1W -
Vivendo no sul de Londres não se escapa a Reggae, Dub, Grime e Garage por todo o lado.
Na altura eu partilhava uns sets mais ou menos regulares com o Buster no seu programa Basspaths na Wireless FM, mais Breakbeat e NuSkoolBreakz.
Ao mesmo tempo também partilhava muitas sessões com o lendário produtor Arthur Baker que iam do Disco ao Electro mas faltava-me qualquer coisa.
A junção do Grime e Garage no Dubstep ao início não me atraiu muito, foi depois de explorar Dub Techno que comecei a entrar mais na onda, e quando saíram as primeiras coisas de Burial, Scuba e 2562 é que encontrei o que procurava.
Uma cena onde não havia verdadeiramente barreiras em relação a fórmulas e a sonoridade. Muita gente vinha do Drum n Bass, outros do Reggae, outros do Garage, do Grime, do Techno e por aí fora. Isso foi o que me atraiu mais. Ah, e o facto de que de repente se poderia ouvir uma faixa ambiente numa pista de dança as 4 da manhã sem ninguém arredar pé para ir ao bar ou fumar um cigarro.
A atenção nesta altura saiu da pista de dança e do DJ e voltou-se para a música. Entre 2006 e 2008 mais ou menos, foram tempos muito interessantes.
TSD - Como vês o actual estado do Dubstep?

1W -
Depois dessa excitação inicial onde realmente não havia barreiras, o inevitável aconteceu e tudo se fragmentou. O que não é necessariamente mau.
Ainda acredito nessas ideias base do Dubstep mas não me identifico com a maior parte da música.
Não faz sentido chamar-se Dubstep a algo que falha no princípio mais básico do próprio nome, Dub.
Ao mesmo tempo não condeno o que outras pessoas gostam e fazem, mas devo dizer que também nunca houve um género de música que tivesse a capacidade de me irritar e de me cativar tanto ao mesmo nível.
Existem quantidades imensas de música muito boa, mas existem ainda mais de música muito má infelizmente. O processo de selecção é cada vez mais fastidioso, o que ao mesmo tempo pode ser bom e ajudar á personalização dos sets e gostos de cada um. Pode ser um pau de dois bicos.
De qualquer forma acho que estamos a passar um momento interessante, não só para o Dubstep mas também para a música electrónica em geral.
TSD - Em termos musicais, qual ou quais os projectos que te têm chamado a atenção nos últimos tempos?

1W -
Basta olhar para a tracklist do meu set.
São tudo produtores relativamente novos e talentosos, com os quais espero poder trabalhar num futuro próximo, de uma forma ou outra.
Posso destacar Pier de Ljubljana, INFRA, Species e Ill_K de Berlim. Sempre preferi descobrir o que se passa no underground e o que pessoas menos conhecidas estão a desenvolver.
Aparte do que ouço em podcasts e em pesquisas, acabo por ouvir pouco Dubstep.

A ideia deste mix, além de promover edições recentes e futuras da Badmood Recordings, é também mostrar o que encontrei nos últimos meses em Berlim e principalmente tentar cruzar diferentes sonoridades dentro do género.

TSD - Quais são os objectivos para o futuro?

1W -
Acabei de me mudar para Berlim por isso ainda tenho um longo caminho para percorrer a vários níveis, mas principalmente investir o máximo na editora que tenho com o Buster, Nsekt e Rita Maia, a Badmood Recordings.
Isso está no topo da minha agenda e temos umas quantas edições alinhavadas com as quais estamos bastante contentes.
Tenho tido um regresso ao DJing desde que cheguei a Berlim mas espero poder concentrar-me ainda mais na produção não só como 1Way mas com outras ideias bem diferentes que penso preparar, talvez usando outros nomes.
Também mantenho um projecto paralelo com o Ruído (aka Stereopathy) de nome ALMA com o qual lançamos o terceiro single recentemente e que tencionamos explorar mais.
Sempre gostei muito de colaborações e remixes, e prevejo também acontecerem mais algumas em breve.
TSD - Uma mensagem para os nossos leitores.

1W -
Antes de mais obrigado por ouvirem e lerem.
Apoiem os artistas que gostam. Comprem a música deles e apareçam nas festas ou concertos.
Isso são as únicas maneiras de manter a roda em movimento.
Hoje em dia podem comprar-se músicas por um ou dois euros, muitas vezes directamente ao artista.
Acho curioso que se ponha uma música para download gratuito e 300 pessoas a saquem, mas quando editas uma música por um euro, vendes duas cópias. Pensem nisso!
Um bem haja também ao Take A Step To Dub por manter a chama viva e espalhar o vírus!

English version in here.

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