quarta-feira, 1 de junho de 2011

Conselhos para melodias descartáveis 28


Muito se poderia dizer acerca do canadiano Venetian Snares, com uma discografia no excesso de 20 álbuns, inúmeros 12", EPs e outros tantos pseudónimos, Aaron Funk é provavelmente um dos artistas mais prolíferos da cena electrónica, com um catálogo maioritariamente centrado nos bpms do breakcore, com incursões por elementos ambientais e não só, não esquecendo o genial “Sabbath Dubs” de 2007 sobre o nome Snares, onde este remistura duas faixas de Black Sabbath em dois monstros Dubstep.





Vindo de alguém que já definiu a sua música como Surrealista, é interessante este EP ser chamado “Cubist Reggae”, talvez um termo que se aplicaria melhor ao todo do seu trabalho.

Além da desconstrução frenética de batidas, uma das características do som de Venetian Snares sempre foi o uso de compassos normalmente esquecidos pela música electrónica e aqui não é excepção.

A faixa de abertura “Ever Apparent All Being Shoulder” é um skanky reggae quebrado que desafia as ancas mais ginasticadas sendo provavelmente uma das faixas mais uplifting de Venetian Snares.

De seguida temos o arrastado e espacial som de “Where You Stopped The Heaviest”, esta faixa lembra por vezes os tais remixes de Black Sabbath e peca somente por se ficar por uns míseros 2m38s, aparte disso, inclui todas as características de um dub modernista e tenso, com atmosferas criadas por sons orquestrais processados por longos delays.

A segunda metade deste EP traz-nos o ponto alto “The Identification Circles Levitate”, novamente num modo mais skanky reggae quebrado, centrado em edits de guitarra e num subtil crescendo que culmina numa quebra espacial Burial-esca e de seguida transformando o tal inicial skanky reggae numa breve rave.

Este EP acaba em grande estilo num trabalho mais aproximado ao som de Venetian Snares baseando-se maioritariamente numa desconstrução de breaks, rnb e jazz numa viagem incessante de 4m30s onde os meticulosos edits são reis.

Venetian Snares nunca teria uma abordagem óbvia ao Reggae, e como na tradição cubista de Picasso e Georges Braque, apresenta uma recontextualização deste género, mostrando assim outros níveis e camadas que de outra forma não seriam ouvidos.

Abraços e até para a semana com o review de Buster

1Way

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